Proclamação da República, a Maçonaria e o Areópago de Itambé

A Proclamação da República, ocorrida em 15 de novembro de 1889, não foi um ato isolado ou improvisado: foi o resultado de um movimento intelectual, político e social que havia ganhado força ao longo do século XIX — e nesse processo, a Maçonaria desempenhou um papel decisivo.

Desde o período colonial, as Lojas Maçônicas brasileiras reuniam pensadores, intelectuais, militares e líderes políticos comprometidos com ideias de liberdade, cidadania, laicidade do Estado e modernização do país. Esses ideais, cultivados discretamente em tempos de censura e perseguição, encontraram eco em diversos acontecimentos históricos do Brasil: Independência, Abolição da Escravatura e, por fim, a República.

O Areópago de Itambé nesse contexto

Fundado em 1796, em pleno período colonial, o Areópago de Itambé é reconhecido como a primeira Loja Maçônica do Brasil. Em sua época, era um espaço de efervescência intelectual e política, onde se discutiam temas que a sociedade colonial sequer podia imaginar: autonomia, ciência, liberdade e reformas sociais.

Mesmo experimentando fases de silêncio forçado, perseguições e dispersão — especialmente no final do século XVIII e início do XIX — o espírito do Areópago nunca se perdeu. Seus ideais atravessaram gerações e reapareceram com força no século XX, com a sua reinstalação em 30 de agosto de 1980, marcando o soerguimento de um dos mais antigos símbolos da liberdade no Brasil.

Da semente à República

A semente plantada pelo Areópago e por tantas outras Lojas Maçônicas floresceu na mentalidade de militares e civis que conduziram a Proclamação da República.

Grande parte dos protagonistas de 1889 eram maçons ou estavam profundamente ligados ao pensamento maçônico — homens preparados intelectualmente, influenciados pela ideia de que o Brasil precisava romper com o modelo monárquico e avançar rumo a um Estado mais moderno e democrático.

Assim, quando o marechal Deodoro da Fonseca proclamou a República, ele carregava consigo não apenas a insatisfação política do momento, mas também um arcabouço ideológico que vinha sendo construído dentro das Lojas Maçônicas, que atuaram como verdadeiros centros de debate, convivência e planejamento.

Símbolos que se cruzam

A história da República e da Maçonaria está entrelaçada. E no Brasil, essa história encontra seu ponto de partida em Itambé, com o Areópago — um pequeno núcleo maçônico que, ainda no século XVIII, ousou pensar um país livre, autônomo e fraterno.

Hoje, ao lembrar a Proclamação da República, recordamos também a coragem dos homens que, nas sombras da intolerância, plantaram as primeiras luzes da cidadania brasileira.

E entre essas luzes, brilha com destaque o Areópago de Itambé, berço das ideias que ajudaram a moldar o Brasil republicano.

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